quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Calcuta

Passado o choque inicial de chegar em Calcuta, estou aqui de volta para contar melhor sobre a cidade e tudo o que eu vi por aqui.

Ontem, quando desembarquei no aeroporto, parecia que eu estava no meio de um cenario de filme de guerra. O aeroporto tem cheio de poeira, como toda a cidade. Tudo por aqui e' precario.
Do lado de fora do aeroporto nao e' muito diferente do lado de dentro, tudo sujo, velho, caindo aos pedacos. E tudo o que separa o aeroporto internacional do nacional e' uma cerca de bambu, parecendo realmente coisa de filme de guerra.

Peguei um taxi para o lugar que eu estou ficando, aqui eu tambem cheguei sem lugar certo para ficar. Estou viajando pela India com um guia Lonely Planet, e na parte de Calcuta ele indica uma rua para ficar, barata e com acomodacoes razoaveis.
O primeiro lugar que eu olhei nao tinha banho quente, e esta' frio aqui, entao nao rolava de ficar la. Sai andando pela rua e vi um grupo de estrangeiros conversando, parei e perguntei onde eles estavam ficando, como era e tal, me pareceu ser razoavel e eles me levaram la. Bom, razoavel e' uma palavra que depende muito do referencial, quando se trata de Calcuta, o razoavel e' ruim em todos os outros lugares que eu ja' estive.
Estou num quarto so pra mim, mas o banheiro e' compartilhado. Nao tive coragem de dormir com a roupa de camas deles e estou usando meu saco de dormir. O banho, tem que ser de balde e caneca... e agua quente so das 6 as 9 horas da manha ou das 6 as 8horas da noite.
Aqui e' inverno e esta frio, nao esta insuportavel, mas tenho que usar um casado pela manha e do comeco da tarde ate' a hora de dormir.

Bom, depois que estava instalada e tal sai para jantar. Conheci umas coreanas na rua e fui comer com elas, num lugar bem esquisitinho, uma casinha de madeira que so' cabe dentro o cozinheiro e o que ele usa para cozinhar. A gente come sentada num bando do outro lado da rua. Bom, sobrevivi a primeira comida sem passar mal!!! Pedi, e' claro, comida sem pimenta, mas na mesma panela que ele fez a minha comida ele fez a de todos, entao nao chega a ser realmente sem pimenta, mas da' pra comer...
Mas, e' claro que o meu primeiro dia na India nao poderia ser um dia normal. Estavamos la sentadas no banquinho comendo e eis que falta energia na cidade. Na hora pensei: "E' claro que isso tinha que acontecer hoje!!"
Ainda bem que nao ficou muito tempo sem energia, antes que eu acabasse de comer a energia comecou a voltar, e ate' eu chegar ao "hotel" que eu estou ela ja tinha voltado em todos os lugares.

Resolvi ir dormir cedo, para descansar, pensar e ver se o dia seguinte seria melhor. E foi, porque durante a noite o choque inicial passou e hoje eu consegui sair pela cidade.
Logo cedo fui ao escritoria de turistas da companhia de trem comprar passagem para o proximo destino. O trem vai a praticamente todos os lugares na India, mas como o pais de mais de 1bilhao de pessoas e muitos turistas, nao da' pra comprar passagem em cima da hora. E eles nao dao a passagem pra hora que vc quer, eles te vendem o primeiro que aparece, nao tem muito o que escolher, so o dia e a classe que voce quer viajar. Entao amanha pela manha estou indo para Gaya e de la sigo pra Bodhgaya.
Do escritoria da companhia de trem eu segui para o "Victoria Memorial", um memorial em homenagem a Rainha Vitoria e conta um pouco sobre a colonizacao inglesa na India. Bem interessante. O predio e' bem bonito, pena que nao e' conservado, como tudo em Calcuta.

Depois de algumas horas no memorial e andando pelos jardins resolvi me aventurar mais e andar a pe' pela cidade. O transito e' louco, a cidade e' suja, feia, mas vale a pena um passeio a pe'. Nao entrei em mais muitos lugares, so no museu da India, que tem coisas interessantes a serem vistas.

Bom, com isso acabou meu dia e amanha pela manha estou seguindo para o proximo destino.
Nao posso me referir a India so' com o que eu vi em Calcuta, e ainda vou ter muito tempo aqui. Mas no fim das contas, acho que as pessoas deveriam vir a essa cidade. Com certeza a gente aprende a dar mais valor a tudo o que temos!!!
Pensei muito na historia da Madre Tereza, como ela viveu aqui tantos anos. Mas ainda bem que ela e pessoas como ela vem pra ca', porque a pobreza e' muita, e eles precisam de ajuda!!!!

Minha impressao final de Calcuta e' que quem vive aqui pode viver em qualquer lugar do mundo. Nenhum lugar que eu passei me chocou como essa cidade e acho que nenhum outro lugar vai me chocar tanto, nao da forma como essa cidade. Uma cidade onde os predios nao tem nenhum tipo de manutencao, parecem estar caindo mesmo aos pedacos. As ruas sao sujas, tudo o tipo de sujeira que se pode imaginar, elas fedem a mijo. As pessoas sao pobres mesmo, a todo momento tem alguem pedindo dinheiro, comida ou qualquer coisa pra voce, so' basta estar na rua. Os carros, ate' mesmo os novos, parecem carros antigos. Nao e' possivel olhar para cima e ver o ceu, tudo o que se ve 'e uma nuvem marrom de poluicao. A impressao e' que o tempo todo estao querendo de enganar. Turista sempre paga mais, muito mais que os indianos. Mas ainda assim, acho que no fim, valeu a pena vir a Calcuta, ver tudo o que eu vi. Os nossos valores sobre o que importa e o que vale a pena mudam, afinal de contas, minha vida no Brasil agora parece um paraiso!!!

Um pequeno parenteses agora: Durante essa viagem toda eu ja' ouvi absurdos sobre o Brasil, como um americano que me perguntou se Sao Paulo era aquela cidade no Brasil que tem uma floresta, mas aqui na India eu ouvi coisas que nunca imaginei ouvir. Uma indiana me perguntou de onde eu era, eu respondi: Brasil. A pergunta a seguir foi: Onde fica o Brasil?
Sim, tem gente no mundo que nao sabe onde fica o Brasil, ou que o Brasil existe. E pior, tem gente no mundo que nao sabe o que e' a Amazonia.

Vou ficando por aqui, dou noticias de Bodhgaya.
Beijos a todos!

Um comentário:

  1. Sonia Mesquita (mãe)6 de janeiro de 2010 às 22:34

    Para celebrar a vida em calcutá:
    A vida
    A vida é uma oportunidade, aproveita-a.
    A vida é beleza, admira-a.
    A vida é beatificação, saborei-a.
    A vida é sonho, torna-o realidade.
    A vida é um desafio, enfrenta-o.
    A vida é um dever, cumpre-o.
    A vida é um jogo, joga-o.
    A vida é preciosa, cuida-a.
    A vida é riqueza, conserva-a.
    A vida é amor, goza-a.
    A vida é um mistério, desvela-o.
    A vida é promessa, cumpre-a.
    A vida é tristeza, supera-a.
    A vida é um hino, canta-o.
    A vida é um combate, aceita-o.
    A vida é tragédia, domina-a.
    A vida é aventura, afronta-a.
    A vida é felicidade, merece-a.
    A vida é a VIDA, defende-a.

    Madre Teresa de Calcutá

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